sexta-feira, 22 de março de 2013

A Hora do Planeta


A Hora do Planeta

Dorme Planeta, dorme —
Fechas os olhos multicoloridos,
feridos de poluição e fumaça de queimadas,
respira suavemente, os teus verdes pulmões
em fole sempiterno,
recupera teus ritmos, escuta os sons da noite,
insetos, asas, cantos, piados, cicios,
cios, aves noturnas e animais de couro
ouve cada gotícula que escorrega e lambe reentrâncias,
a construção das estalagmites e estalictites, lentíssima, dentro das cavernas,
a eclosão dos botões flores que se abrem,
a explosão das bagas e a inquietação da semente
que está sob a Terra Mãe,
as cantigas das águas em seus leitos, a correr perenes,
as folhas que docemente caem ao chão,
o avançar das raízes subterrâneas e a caída das aéreas.
Descansa Planeta
Por uma hora absolutamente natural,
Os homens de Bem querem velar teu sono...
Descansa teus ouvidos poderosos,
Freme as narinas de teu olfato detalhado,
Sente, através de teus milhões de poros,
os toques contínuos de tudo que é vivo e existe para a tua beleza.
que nessa hora de repouso universal,
os humanos não sofram incestos nem estupros,
nem sejam atingidos por balas perdidas,
que descanse da energia elétrica,
do excesso de eletrodomésticos ligados
continuamente, da claridade artificial do néon...
Dorme Planeta, dorme, enquanto recuperamos
nossos ritmos circadianos e voltamos a ser interligados
às tuas conexões revitalizadoras.
Dorme, é a tua hora:a Hora do planeta...
                                                                   Clevane Pessoa

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